domingo, 6 de março de 2011

Conjugados

Neste sábado assisti Conjugados no espaço Pyndorama em Perdizes. Apesar de ser nesta área nobre da cidade, o espaço é uma sala improvisada com teto sem reboque, não é uma sala convencional, quem ocupa é Cia Antropofágica. A peça é uma junção de três coletivos: Dolores Boca Aberta Mecatrônica de Arte, Cia Estável de Teatro e a banda Nhocuné Soul. A pegada é socialista. As questões sociais expostas de uma maneira sutil, suave, porém com cenas fortes. A qualidade artística é fudida. Com ótimos atores. A iluminação com lâmpadas essas que usamos em casa. Às vezes lanternas e alguns caixotes fazendo a cenografia e também a luz com lâmpadas acessas pelos próprios atores. Um teatro de ator. Um teatro social. Um bom teatro. A referência a Brecht não é acidental, mas não vou chamar de brechtiana, porque não é, é ela mesma. As referências vem durante o processo que neste caso durou 2 anos ensaiando nas quartas de tarde, eita vagabundagem, é assim mesmo, se ensaia na hora que dá. E também sãos loucos abdicando da vida convencional, mas se dedicar a arte e obviamente ao social. Essa é a parada. Os grupos são de periferia ou trabalham na periferia. Longe dos estereótipos. A musica é ao vivo, pelos atores e principalmente pelo vocalista Renato do Nhocuné Soul, Nhocuné é um bairro na zona leste e tem na pronúncia advinda dos tempos da senzala.
Tive a sorte de assisti ao lado da polemica pesquisadora Iná Camargo Costa, que não parava de falar um minuto durante o espetáculo, com uma enorme satisfação, discordando de algumas falas as vezes, como em uma revelação de uma personagem/atriz que diz Eu decidi parar de trabalha (Iná comemora), ela continua ... para os outros... (Iná inconformada: Tem que parar de trabalhar de vez). Depois ainda rolou uma festinha e muita discussão e música.
Fugindo de estereótipos de periferia que se vende. Eles não ligados ao Hip-Hop, nós obviamente sabemos que esta cultura não é e nunca foi a predominância nas periferias brasileiras nem mesmo em SP. São violeiros, das bandas de Patriarca, Vila Ré, Itaquera etc. Em uma cena tem um funk (carioca), mas a peça vai além. Chega em uma lugar de incomodo. Fica um vazio. Uma melancolia. E uma sede de mudança na nossa vida na periferia.
Para assistir para ter um espaço do tamanho de uma sala e nada mais.

3 comentários:

  1. É isso ai hermano.
    Sempre vou dar uma passada por aqui.
    Abracios, se cudia.
    Fui.

    xXx

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  2. Fmz rapaz.´
    Tu é sangue bom.
    Abraços

    Alcalde

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  3. Ai mano, lendo esta parada me deu uma vontade imensa de assistir esta peça de teatro.
    quando tiver novamente me dá um grito certo, vou tentar me organizar pra colar.
    abracios guerreiro, fui.

    xXx

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